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Governo do Rio precisa voltar a ser indutor do desenvolvimento

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Não é de hoje que a economia do Rio de Janeiro vem se degradando, apesar de ser ainda a segunda maior do país, com cerca de 10% de participação no PIB nacional. Milhares de empresas fecharam ou deixaram o Estado nos últimos anos, e temos hoje a maior taxa de desemprego do Sudeste e uma das maiores do país. A pandemia de Covid-19 impactou fortemente toda a atividade econômica brasileira nos últimos dois anos, mas no nosso Estado a decadência vem de longe. Por isso, o próximo governador precisará fazer o Estado retomar para si o papel de indutor do desenvolvimento, para que o Rio volte a gerar riqueza, emprego, renda e bem-estar para toda a sua população.

O setor de serviços ocupa cerca de dois terços da economia, e o Governo deve investir nele e reforçá-lo de maneira imediata, por ser aquele onde é mais fácil e rápido gerar postos de trabalho. É uma ação importante, mas não estrutura a economia a longo prazo. Também é um bom começo estimular o grande potencial turístico do Estado – e em todas as épocas do ano, graças à sua variedade geográfica, com praias e serras, além de seu vasto patrimônio histórico e cultural -, investindo em infraestrutura e oferecendo incentivo fiscal para atividades como hotelaria e gastronomia.

Mas o centro da ação estratégica do futuro Governo do Rio deve ser a busca por atividades indutoras, com foco na industrialização e na viabilização de setores estratégicos, como o naval e o petrolífero. A vocação evidente do Estado para a instalação de complexos como o farmacêutico e de saúde e o foco em desenvolvimento tecnológico devem ser a mais alta prioridade estratégica – buscando a construção de um projeto estadual de desenvolvimento com ações de curto, médio e longo prazo. Nesse sentido, recorrer aos bancos oficiais de fomento pode ser fundamental.  Além disso, o investimento público direto deve voltar a acontecer no Estado do Rio de Janeiro.

No caso do setor petrolífero, importantíssimo para o Rio nas últimas décadas – estagnado em investimentos nos últimos anos e que se revigorou a partir de 2021 apenas pela alta subida do dólar e política de preços da Petrobrás -, o aumento na arrecadação de royalties ainda assim permite dispor de recursos tanto para estimular todas as demais atividades econômicas como para investir nas áreas menos desenvolvidas do Estado, em especial as regiões norte e noroeste. O Rio tem utilizado de maneira inconsequente as janelas de oportunidade que deveriam servir para a construção de um plano estratégico considerando o futuro.

Pensando na indústria, como o Rio possui centros de excelência em pesquisa de ponta, é preciso abrir polos de capacitação para o desenvolvimento tecnológico, estabelecendo parcerias com universidades e institutos de pesquisa, sejam públicos ou privados. Gerar mão de obra qualificada – mas também preocupar-se em manter esses empregos e inteligências em nosso Estado.

Para a formulação de um programa econômico consequente, é preciso dar atenção especial à cultura, que sempre ocupou um lugar de destaque na vida carioca e fluminense. Nesse sentido, a experiência que temos implantado com grande sucesso em Niterói – com medidas como os editais de fomento direto à produção cultural – poderia servir de espelho, aquecendo a economia criativa e ajudando a gerar emprego e renda. Em 2021, a cidade investiu cerca de R$ 36 milhões no setor, entre auxílios emergenciais, chamadas públicas e projetos estratégicos, beneficiando diretamente 5.000 fazedores de cultura, contratados diretamente nos projetos beneficiados nessas ações. Essa experiência poderia servir de base a uma política estadual integrada para o setor, valorizando também a rica e variada cultura do  Estado. No Brasil, mais de 5.5 milhões de trabalhadoras e trabalhadores são diretamente vinculados à cultura.

Na agricultura, embora não seja o ponto forte da economia fluminense, é possível não só revigorar os cultivos tradicionais do Estado, como o da cana-de-açúcar, como incentivar a produção familiar de frutas e hortaliças em pequenas propriedades, como sítios e chácaras da região serrana, por meio de cooperativas. Isso permitiria aumentar a oferta, diminuir a dependência externa e baratear esses produtos, gerando postos de trabalho e dinamizando a cadeia produtiva nesses locais.

Com empenho, criatividade e um programa consistente, que atenda às necessidades do setor produtivo e da população, é possível fazer o Rio retomar o crescimento e se desenvolver como em seus melhores tempos, beneficiando todos os cidadãos fluminenses. Mas para isso, antes de tudo, é necessário que o Estado volte a ter um Governo.

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