Relatório final da Comissão Nacional da Verdade contém dados sobre a ditadura em Niterói
Publicado em:Instaurada em abril de 2013, a Comissão da Verdade em Niterói (CVN) subsidiou o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), entregue nesta quarta-feira, dia 10, à presidenta Dilma Rousseff, em solenidade realizada no Palácio do Planalto. Objeto da Lei 3027/2013, de autoria do vereador Leonardo Giordano (PT), a CVN entregou o seu primeiro relatório em julho deste ano, colaborando, significativamente, com a consolidação da democracia em nossa cidade e país.
Aqui em Niterói, o estádio de futebol Caio Martins serviu de “campo de concentração” para diversos presos políticos, a partir de abril de 1964. De acordo com o documento da CNV, o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do Rio de Janeiro registrou mais de 300 pessoas, que teriam ficado detidas ali. No entanto, segundo diversos depoimentos, esse número foi superior a mil. Estas e outras informações podem ser obtidas na página 309 do relatório da Comissão Nacional da Verdade:
“Urbano José Cariello, delegado adjunto do DOPS, em 6 de maio de 1964, determinou ao escrivão Nilton Vieira que o acompanhasse a esse estádio para realizar diversos interrogatórios de pessoas detidas sem a devida formalização ou instauração de inquérito policial. (…) As declarações prestadas nos dias posteriores por outras pessoas presas no estádio foram colhidas pelo escrivão ad hoc José Augusto de Almeida, por determinação do delegado Celso Valente, no próprio “Ginásio Caio Martins”, como era igualmente designado o estádio de futebol em questão””.
Para o autor da lei que instaurou a Comissão da Verdade em Niterói, o trabalho de consciência e resgate histórico é fundamental, no processo de consolidação, avanço e amadurecimento da democracia brasileira.
“Levantamos novos documentos aqui em Niterói. O estádio do Caio Martins foi o que mais se destacou, infelizmente pela quantidade de pessoas que por ali passaram. Valeu a pena elaborar, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal Fluminense, este importante projeto, que resgata, na prática, a nossa memória como nação e cidade” – destaca Leonardo Giordano.
Além do mandato do vereador Leonardo Giordano, o subsecretário da Coordenadoria de Defesa dos Direitos Difusos e Combate à Intolerância Religiosa da Prefeitura de Niterói, Renato Almada, é um dos responsáveis por estruturar a Comissão da Verdade em Niterói:
“O relatório da CVN é um importante trabalho de membros, pesquisadores e estagiários. O povo e a Prefeitura de Niterói estão empenhados na contribuição deste trabalho de resgate da memória, verdade e justiça do Brasil”.